domingo, 5 de agosto de 2012

Hilary e Jackie


HILARY E JACKIE (Hilary and Jackie, 1998, 121 min)
Produção: Reino Unido
Direção: Anad Tucker
Roteiro: Frank Cottrell Boyce
Elenco: Emily Watson, Rachel Griffiths, James Frain, David Morrissey.

Nada mais justo que as indicações de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente para Emily Watson e Rachel Griffiths pelos seus trabalhos no drama biográfico Hilary e Jackie. Sem dúvida, da temporada de 1998, poucas atuações foram tão intensas. A obra dirigida pelo tailandês radicado na Inglaterra, Anand Tucker, acompanha a vida (e o relacionamento conturbado), desde a infância, dessas duas irmãs que intitulam o filme. Jacqueline Du Pré (Emily Watson) é mais conhecida por ser uma violoncelista famosa e por ter tido um desfecho trágico em sua vida. Hilary Du Pré (Rachel Griffiths) também é uma musicista com certo talento, tendo na infância sua fase áurea e de mais destaque.

Curioso que ainda crianças, apesar de Hilary ser considerada uma prodígio da flauta, o talento não tarda tanto a ser descoberto em Jackie e de uma forma até involuntária, pois a menina só procurou aprender o violoncelo como artifício para seguir a irmã por onde fosse. O intenso relacionamento das irmãs se baseia em disputas, conflitos, discussões e muito, mas muito amor. Afinal, somente muito amor mesmo para entender como Hilary aturou todos os caprichos desejados por Jackie, alguns facilmente repudiados e impensáveis. Anand Tucker faz um trabalho minucioso na captação dessas sensações, usando a câmera com delicadeza e dando o tempo adequado para o espectador entender as angustias e amarguras de cada personagem. Não é a toa que o diretor divide a obra com as perspectivas de cada irmã. Em um primeiro momento vemos as ações e explanações pelos olhos de Hilary e depois a contra-argumentação de Jackie.

Nem Emily Watson e muito menos Rachel Griffits foram premiadas com a estatueta. As duas atrizes tinham adversárias difíceis e a nomeação não deixa de ser um reconhecimento válido. “Hilary e Jackie” (1998) é um filme sensível, poético, com personagens tão cativantes quanto enervantes, com caracterizações que passam longe de possuírem verdades estritas. Talvez essa capacidade de errar e permanecer no erro ou de se omitir e se esconder é o que traga essa emoção crível para o filme e ainda cria uma identificação com o público, pois se delineado de outra maneira, poderíamos ter apenas um filme sobre uma musicista. O que, de forma louvável, não acontece, pois na verdade a obra usa a música como um luxuoso e bem-vindo pano de fundo para essa bela e melancólica história. Enfim, problemas familiares muitas vezes são os mais difíceis de superar, mesmo quando ambas as partes desejam por um final feliz.

INDICAÇÕES:
1. Melhor Atriz: Emily Watson
2. Melhor Atriz Coadjuvante: Rachel Griffiths

por Celo Silva

2 comentários:

Luís disse...

Acho que existe mesmo uma atmosfera bastante "dolorida" nesse filme. Ao passo que algo flui bem, outra coisa - a vida pessoal das personagens - parece impor ao filme um tom devastador. Como você disse, nenhuma das atrizes podiam ganhar, mas as indicações valeram como reconhecimento pelo trabalho eficiente de ambas.

Rodrigo Mendes disse...

Adoro a Emily Watson desde Ondas do Destino. Vou conferir este, já tinha ouvido falar devido ao Oscar.

Abs.