sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Helen Mirren: "A Rainha"



HELEN MIRREN (26/07/1945 – Londres, Inglaterra)
Primeiro filme: Press for Time (1966, não-creditada) | Herostratus (1967)
Principais filmes: “Calígula” (1979), “2010 – O Ano em que Faremos Contato” (1984), “As Loucuras do Rei George” (1994), “Tentação Fatal” (1999), “A Rainha” (2006), “A Lenda do Tesouro Perdido: O Livro dos Segredos” (2007)
Indicações ao Oscar:  1995 – Melhor Atriz Coadjuvante: As Loucuras do Rei George ||  2002 – Melhor Atriz Coadjuvante: Assassinato em Gosford Park ||  2007 – Melhor Atriz: A Rainha – venceu || 2010 – Melhor Atriz: A Última Estação

O cinema em geral (e logo as principais premiações da temporada, incluindo o Oscar também) tem um conhecido apreço por figuras políticas da história mundial, sejam eles presidentes, deputados, primeiros-ministros, monarcas medievais e modernos, como no caso, aqui, de a Rainha Elizabeth II do incensado filme “A Rainha” (2006), dirigido pelo britânico Stephen Frears. Se, então, o filme for uma realização concebida com competência, certo que terá suas indicações garantidas na cerimônia do Oscar. “A Rainha” foi lembrada para seis categorias, incluindo Melhor Filme, mas o destaque mesmo ficou por conta da atuação da atriz britânica Helen Mirren, que imersa em sua personagem, arrebatou a estatueta de Melhor Atriz. Creio que entre as indicadas, de fato, deve-se reconhecer que era a atuação mais eloqüente, apesar de contida na caracterização.

No entanto, se Helen Mirren entrega uma interpretação marcante, lembrada até hoje, o filme de Stephen Frears é burocrático, por vezes idiossincrático e respeitoso demais, por fim, não consegue a mesma proeza de se tornar uma obra para a posteridade. A curta trama (90 minutos de duração) traz um recorte de um caso envolvendo a família Real britânica e Lady Di, então casada com o Príncipe Charles. Apesar de a temática envolver Diana, ela não é foco da narrativa e nem chega a aparecer. A história, baseada no roteiro de Peter Morgan, mostra os bastidores do acontecimento que ganhou as páginas dos principais diários ingleses e traz uma Elizabeth II com o peso nos ombros de ter que manter uma instituição milenar intacta. Afetada pela situação, ela aparece humanizada e sensível a contextualização dos fatos, mas decidida a tomar sempre a decisão final em prol de sua família, mesmo quando a linha resolutiva do evento em questão aponta para outra direção.

Claro que “A Rainha”, como filme, tem suas aspirações interessantes, como mostrar a família real como uma instituição preguiçosa e acomodada. Todavia, o trato distanciado impede que o filme empolgue, soando, às vezes, até como um documentário da BBC. Embora acredite que “A Rainha” seja uma obra que exija um pouco de paciência do espectador, principalmente o não-britânico, deve-se reconhecer, com louvor, a atuação de Helen Mirren. A atriz desconstrói com competência sua personagem, passando a sensação de que existe uma pessoa de sentimentos sinceros, porém reprimidos, por baixo daquela aparente frieza. E a sua Elizabeth II fala muito por olhares e gestos, por isso afirmei, no inicio do texto, a contenção da personagem e que agora explicito nas sutilezas de suas ações, muitas vezes estudadas milimetricamente, para que não soem exageradas. Afinal, como a família real britânica é lembrada por sua pompa e circunstância, também é conhecida pela maneira política de avaliar seus problemas e Helen Mirren traz com propriedade essas características. 

por Celo Silva

3 comentários:

Luís disse...

Assistindo ao filme, fico com a impressão de que Helen Mirren não conseguiu apresentar nenhuma singularidade na sua interpretação. Parece que qualquer atriz poderia conceber uma interpretação como a sua, o que torna sua vitória ainda mais duvidosa, já que suas concorrentes - mesmo Meryl Streep, coadjuvante - detinham momentos muitos mais poderosos em cena. Ainda que a ache eficiente, não enxergo motivos para a sua vitória.

Kamila disse...

Pra mim, a atuação da Helen Mirren é uma das melhores da década passada. Acho o trabalho dela extremamente difícil, principalmente porque interpretar a rainha Elizabeth II foi um trabalho extremamente interiorizado, de gestos, quase de mímica mesmo. E a Helen Mirren se saiu muito bem, mimetizando cada gesto da rainha e mostrando muito bem o conflito de uma mulher que vivencia um exercício de poder não para ser amada pelos outros, e sim para ficar de paz consigo mesma. Adoro o filme "A Rainha" também. Era meu favorito no ano em que concorreu ao Oscar.

Anônimo disse...

Ela mereceu ter um Oscar, em cada papel que ela faz um trabalho maravilhoso! se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador. O mesmo aconteceu com esta produção, Beleza Oculta que estreará em TV, para mim é um dos grandes filmes de Hollywood.