domingo, 30 de setembro de 2012

82ª edição (2010) - Lista completa dos indicados



Confiram todos os filmes indicados na 81ª edição do Oscar:

1.             Ajami de Scandar Copti e Yaron Shani.
·    Melhor Filme em Língua Estrangeira: Israel.

2.             Amor sem Escalas, de Jason Reitman. Texto de Luís Adriano de Lima

3.             Avatar, de James Cameron. Texto de Renan do Prado Alves.

4.             Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. Texto de Ivanildo Pereira.

5.             O Brilho de Uma Paixão, de Jane Campion.
·    Melhor Figurino

6.             Burma VJ: Repórter i et lukket land, de Anders Østergaard. 
·MelhorDocumentário                                                                                                                                                                                                                                                          
7.             China’s Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province, de Jon Alpert e Matthew O’Neill.
·    Melhor Documentário Curto

8.             Coração Louco, de Scott Cooper. Texto de Alan Raspante.

9.             Coraline e o Mundo Secreto, de Henry Selick.
·    Melhor Animação

10.         The Cove, de Louie Psihoyos.
·    Melhor Documentário – venceu

11.         Direito de Amar, de Tom Ford. Texto de Luís Adriano de Lima.

12.         Distrito 9, de Neill Blomkamp. Texto de Celo Silva.

13.         Il Divo: La Spettacolare Vita di Giulio Andreotti, de Paolo Sorrentino.
1. Melhor Maquiagem

14.         The Door, de Juanita Wilson.
2. Melhor Curta-Metragem Não-Animado

15.         Educação, de Lone Scherfig. Texto de Celo Silva.

16.         O Fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson – 2 indicações:
3. Melhor Trilha Sonora Original
4. Melhor Animação

17.         A Fita Branca, de Michael Haneke – 2 indicações:
·    Melhor Fotografia
·    Melhor Filme em Língua Estrangeira: Alemanha

18.         Food, Inc, de Robert Kenner.
·    Melhor Documentário

19.         French Roast, de Fabrice Joubert.
·    Melhor Curta-Metragem Animado

20.         Granny O’Grimm’s Sleeping Beauty, de Nicky Phelan.
·    Melhor Curta-Metragem Animado

21.         Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow. Texto de Ivanildo Pereira.

22.         Harry Potter e o Enigma do Príncipe, de David Yates.
·    Melhor Fotografia.

23.         O Homem Mais Perigoso do América, de Judith Ehrlich e Rick Goldsmith.
·    Melhor Documentário

24.         Um Homem Sério, de Ethan Coen e Joel Coen. Texto de Alan Raspante.

25.         In the Loop, de Armando Iannucci. Texto de Celo Silva.

26.         Instället for Abrakadabra, de Patrik Eklund.
·    Melhor Curta-Metragem Não-Animado

27.         Invictus, de Clint Eastwood. Texto de Alan Raspante.

28.         A Jovem Rainha Victoria, de Jean-Marc Valle – 3 indicações:
·    Melhor Figurino – venceu
·    Melhor Direção de Arte
·    Melhor Maquiagem

29.         Julie &Julia, de Nora Ephron. Texto de Renan do Prado Alves.

30.          Kavi, de Gregg Helvey.
·    Melhor Curta-Metragem Não-Animado

31.         Królik po Berlinsku, de Bartosz Konopka.
·    Melhor Documentário Curto

32.         La Dama y La Muerte, de Javier Recio Garcia.
·    Melhor Curta-Metragem Animado

33.         The Last Campaign for Governor Booth Gardner, de Daniel Jung
·    Melhor Documentário

34.         The Last Truck: the Closing of a GM Plant, de Steven Bognar e Julia Reichert
·    Melhor Documentário

35.         Logorama, de François Alaux, Hervé de Crécy e Ludovic Houplain.
·    Melhor Curta-Metragem Animado – venceu

36.         O Mensageiro, de Oren Moverman. Texto de Celo Silva.

37.         Miracle Fish, de Luke Doolan.
·    Melhor Curta-Metragem Não-Animado

38.         O Mundo Imaginário de Doutor Parnassus, de Terry Gilliam – 2 indicações:
·    Melhor Direção de Arte
·    Melhor Figurino

39.         Music by Prudence, de Roger Ross Williams.
·    Melhor Documentário Curto – venceu

40.         Nine, de Rob Marshall. Texto de Renan do Prado Alves.

41.         Um Olhar do Paraíso, de Peter Jackson. Texto de Ivanildo Pereira.

42.         Paris 36, de Christophe Barratier.
·    Melhor Canção Original: Lion de Paname

43.         Preciosa – Uma História de Esperança, de Lee Daniels. Texto de Renan do Prado Alves.

44.         A Princesa e o Sapo, de Ron Clements e John Musker – 3 indicações:
·    Melhor Animação
·    Melhor Canção Original: Almost There
·    Melhor Canção Original: Down in New Orleans

45.         O Profeta, de Jacques Audiard.
·    Melhor Filme em Língua Estrangeira: França

46.         The Secreto f Kells, de Tom Moore e Nora Twomey.
·    Melhor Animação

47.         O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella.
·    Melhor Filme em Língua Estrangeira: Argentina

48.         Sherlock Holmes, de Guy Ritchie – 2 indicações:
·    Melhor Direção de Arte
·    Melhor Trilha Sonora Original

49.         Um Sonho Possível, de John Lee Hancock. Texto de Luís Adriano de Lima.

50.         Star Trek, de J. J. Abrams – 4 indicações:
·    Melhor Maquiagem – venceu
·    Melhor Edição de Som
·    Melhor Mixagem de Som
·    Melhores Efeitos Visuais

51.         A Teta Assustada, de Claudia Llosa.
·    Melhor Filme em Língua Estrangeira: Peru

52.         The New Tenants, de Joachim Bach.
·    Melhor Curta-Metragem Não-Animado – venceu

53.         Transformers – A Vingança dos Derrotados, de Michael Bay.
·    Melhor Mixagem de Som

54.         A Última Estação, de Michael Hoffman. Texto de Alan Raspante.

55.         Up – Altas Aventuras, de Peter Docter e Bob Peterson. Texto de Alan Raspante.

56.         Wallace and Gromit in “A Matter of Loaf and Death”, de Nick Park.
·    Melhor Curta-Metragem Animado

57.         Which Way Home, de Rebecca Cammisa.
·    Melhor Documentário

Opiniões - Parte 5

Steve Martina e Alec Baldwin, apresentadores da 82ª Edição do Oscar.

Confesso que a primeira vez que assisti a uma edição inteira do Oscar foi em 2009 e aquilo abriu meus olhos. Como esquecer o brilhante Hugh Jackman como mestre de cerimônias ou Kate Winslet ganhando seu primeiro Oscar? Os filmes também pareciam mais instigantes e emocionantes nos rendendo uma boa safra com a presença de "Quem Quer Ser um Milionário?" (2008), "Frost/Nixon" (2008), "O Leitor"(2008), "A Troca" (2008), entre tantos outros. Dito isso, comparativamente, admito que achei a 82º edição do Oscar nada menos que fraca. Sob o comando dos insossos Steve Martin e Alec Baldwin, a premiação foi levada de maneira apenas satisfatória.

Falando da sétima arte, não posso deixar de admitir que 2010 deixou algumas marcas no cinema. “Avatar” (2009) renovou o cinema popularizando o uso do 3D e, mesmo saindo com poucos prêmios (em comparação ao número de Oscar que estava concorrendo), mostrou que James Cameron é um ícone do cinema mundial. Aliás, aqui podemos abrir um parêntese: é justo que o filme de Cameron tenha ganhado na categoria Melhor Fotografia? Pessoalmente, acho que uma fotografia criada por meios digitais não possa nem deva ganhar, tendo em vista seus concorrentes.

Outra marca foi a premiação de Sandra Bullock. Apesar de a grande disputa ficar entre Streep e Bullock, eu prefiro a atuação de Carey Mulligan; porém encaro a premiação da atriz principal de "Um Sonho Possível" (2009) como uma forma de tentar dar novos ares as atuações femininas e fomentar a melhores atuações de atrizes que são consideradas fracas. Inclusive, podemos notar que Bullock mudou da água pro vinho ou os produtores perceberam que ela tem potencial. Depois de "Um Sonho Possível", ela já participou de obras de Stephen Daldry e recentemente está bem cotada por sua atuação em Gravity. Para fechar, as outras produções que eu acho dignas de destaque ficam por conta de "Preciosa – Uma História de Esperança" (2009) e "Bastardos Inglórios" (2009). Ambos tratam de temas fortes pesados, embora um aposte no drama e o outro no humor-negro. Não é à toa que as premiações de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator Coadjuvante tenham ficado por conta das duas produções, respectivamente.

Do resto, temos o super comentado, mas agora esquecido "Guerra ao Terror" (2008), que levou os prêmios mais importantes consagrando inclusive a primeira diretora da história da premiação, o mais-ou-menos "Amor Sem Escalas" (2009) e o esquecido (infelizmente) "Educação" (2009).

sábado, 29 de setembro de 2012

Opiniões - Parte 4

Christoph Waltz recebendo seu merecido Oscar.

A 82ª cerimônia de entregas do Oscar ficou marcada pela volta de dez filmes a concorrer ao prêmio principal de melhor filme. No entanto, essa característica de trazer mais opções para a categoria principal só confirmou o que todos já sabiam: 2009 foi um ano de muitas realizações medianas e poucas realmente boas. Dos dez nomeados a Melhor Filme, afirmo que apenas um era uma verdadeira obra-prima, “Bastardos Inglórios” (2009), de Quentin Tarantino. Conduzido no melhor estilo cinema clássico dos anos 50, o filme mescla com eficiência o cinema esteta de Tarantino, que busca trabalhar várias linguagens de cinema, aliando-se a trilhas sonoras impecáveis, destaque aqui o exímio trabalho do maestro Ennio Morricone. Embora “Bastardos Inglórios” ainda detenha características referenciais a filmes caros ao diretor, a realização tem vida própria e evolui sem que necessite de um pré-conhecimento para apreciar a obra com mais eficácia. Sem dúvida, um Tarantino amadurecido.

Nomeado em oito categorias, “Bastardos Inglórios” recebeu apenas um prêmio, Melhor Ator Coadjuvante, com todas as honrarias, diga-se de passagem, pelo trabalho soberbo de Christoph Waltz na composição do “caçador de judeus”, o coronel nazista, Hans Landa. Embora, em meu ponto de vista, o filme de Tarantino seja o melhor da temporada, acabou sendo ofuscado pela pesada campanha de marketing advinda de “Avatar” (2009), o filme que mudaria os rumos do cinema segundo seu idealizador, o cineasta James Cameron. Sinceramente, até hoje fico pensando qual foi essa revolução proposta por um pretensioso Cameron, vejo “Avatar” com uma aventura divertidinha e só. Se não sou um fã exacerbado de “Guerra ao Terror” (2008), o vencedor da noite, dirigido pela ex-esposa de Cameron, Kathryn Bigelow, fico feliz por um filme mais franco e emocional ter se sagrado vencedor em detrimento a um blockbuster caça-níquel. Os outros indicados não passavam de meros coadjuvantes escolhidos a dedo para agradar e representar todos os públicos.

Nas categorias de atuações principais, o agraciado como Melhor Ator foi Jeff Bridges por “Coração Louco” (2009), uma escolha acertada até, embora acredite que Colin Firth por “Direito de Amar” (2009) merecesse mais, pois realmente vemos um interprete imerso em seu personagem. A meu ver, a categoria de Melhor Atriz apresentava candidatas apenas medianas e talvez a melhor atuação seja a da novata Carey Mulligan, embora também não emocione como deveria. No entanto, em uma escolha deveras convencional, sagrou-se vencedora Sandra Bullock como a perua que salva a vida de um delinqüente em potencial no sofrível “Um Sonho Possível” (2009). Como curiosidade, vale lembra que Bullock é um dos poucos artistas que conseguiu a façanha de conquistar na mesma temporada o prêmio de Melhor e Pior Atriz, a moça foi lembrada com honras por sua desmiolada interpretação em “Maluca Paixão” (2009). Curiosamente, acho essa comédia muita mais divertida e sincera do que “Um Sonho Possível”, mas vai saber? Talvez o problema seja comigo mesmo.

Como já comentei acima, o prêmio para Waltz como Melhor Ator Coadjuvante foi mais do que merecido, enquanto a categoria de Melhor Atriz Coadjuvante carregava mais uma quina de atrizes em atuações medianas. Tanto que a vencedora acabou sendo Mo´Nique com seu papel hiper-realista no drama de mau gosto, que vejo como um dos piores filmes daquela temporada, chamado “Preciosa – Uma História de Esperança” (2009). Em uma das principais categorias, Kathryn Bigelow, inexplicavelmente, bateu Quentin Tarantino, mostrando como o Oscar é “inovador” ao agraciar pela primeira vez, depois de mais de oitenta anos de premiação, com a estatueta uma mulher. Será mesmo que a direção de Bigelow é mais eficiente e talentosa do que a de Tarantino em seu trabalho supra-sumo? Embora discorde do vencedor, essa é uma categoria que nem me aborrece tanto se compararmos com o prêmio de roteiro adaptado ser dado a Preciosa (?). Uma escolha ininteligível, podendo ser vista ainda como tentativa da Academia de causar espanto, já que claramente “Amor Sem Escalas” (2009), “Educação” (2009) e até mesmo o idiossincrático In The Loop (2009) são escolhas muito mais interessantes. Essa academia...

O caro leitor que está lendo esse texto deve estar pensando: “Nossa, como o Celo está rabugento”, mas como essa postagem tem por intenção expor as idéias e considerações pessoais sobre a cerimônia do Oscar em voga, analisada durante o mês todo (aqui, a de 2010), acho mais do que importante uma análise inflamada e franca. Sinceramente, a temporada de 2009 não me estimula em nada. Uma cerimônia cheia de equívocos, gritantes até, um simples exemplo disso é um filme totalmente digital como “Avatar” sair vitorioso em uma categoria de Melhor Fotografia sobre obras (“Bastardos Inglórios”, “A Fita Branca” (2009) e “Guerra ao Terror”) que trabalharam o processo meticulosamente, usando de um profissional in loco, enquanto o filme de Cameron nem fotógrafo tinha e sua concepção visual foi feita totalmente por designers de computação. Enquanto isso, filmes como o excelente “O Mensageiro” (2009) de Oren Moverman foram desprezados. Até mesmo na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, a escolha foi curiosa, porque, apesar de “O Segredo dos seus Olhos” (2009) ser um ótimo filme, ele flerta muito mais com o cinema ianque do que com a contextualização artística autoral da categoria, o mais indicado e melhor filme, sem dúvidas, era “A Fita Branca” do alemão Michael Haneke. Enfim, a 82ª cerimônia de entregas do Oscar, com muitos erros e poucos acertos, de fato, é dessas para se apagar da memória.

Por Celo Silva

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Opiniões - Parte 3

Jeff Bridges recebendo seu Oscar.


2009 não foi um grande ano para a produção cinematográfica, de modo geral. A Academia, reconhecendo isso, e também motivada pela pressão popular, aumentou neste ano o número de indicados a Melhor Filme de 5 para 10. Porém, mesmo com a inclusão de títulos mais populares, a Academia não se rendeu. Na disputa polarizada entre uma das maiores bilheterias de todos os tempos – “Avatar” (2009) de James Cameron – e um filme pequeno e que pouca gente tinha visto – “Guerra ao Terror” (2008) de Kathryn Bigelow –, o Oscar acabou indo para o segundo.

Nas categorias de atuação, foi um ano bem previsível, pois todos os favoritos levaram. Os veteranos Jeff Bridges e Sandra Bullock foram premiados na categoria de atores principais. Ele, não só pelo desempenho, mas também pela carreira e consistência do seu trabalho, afinal alguém já viu uma má atuação do Jeff Bridges? E ela, por ser uma estrela com inegável capacidade para atrair público, coisa rara hoje em dia. E entre os coadjuvantes ocorreu o contrário: foram premiados dois atores que estavam despontando para o cinema, Mo’Nique e Christoph Waltz.

Nas categorias técnicas não se pode dizer que houve alguma injustiça, nem nas de roteiro, onde os premiados foram de grande qualidade. E ao premiar Bigelow como melhor diretora (a primeira mulher na história do Oscar), a Academia demonstrou sua preferência pela garra no fazer cinematográfico acima de tudo. De forma geral, foi uma cerimônia previsível, mas com um momento se destacando. Em meio à disputa estilo “Davi e Golias”, o prêmio mais justo e indiscutível da noite foi entregue: o Oscar de Filme Estrangeiro foi para um dos poucos grandes filmes daquele ano, a maravilhosa produção argentina “O Segredo dos Seus Olhos” (2009).

Por  Ivanildo  Pereira

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Opiniões - Parte 2



Homenagem às atrizes indicadas na categoria Melhor Atriz. Cada colega de elenco dirige ao público um pouco de sua experiência trabalhando com a nominada. Oprah Winfrey, no discurso mais emocional, fala sobre Gabourey Sidibe, que, em suas próprias palavras, "na segunda-feira, faltou da universidade para fazer uma audição para um filme chamado 'Preciosa'; na terça, se encontrou com o diretor; na quarta, recebeu uma ligação dizendo que havia conseguido o papel; e hoje [naquela noite], estava nominada na mesma categoria que Meryl Streep". Potencialmente o momento mais comovente da cerimônia.

OSCAR 2010: DE SER CONVENIENTE AO FAZER HISTÓRICO

Pensar no ano de 2010 automaticamente me remete a certas conveniências e, ao mesmo, me remete a uma ausência de nomes verdadeiramente fortes nas categorias principais. Mesmo que a 82ª edição marque uma série de novidades, nem mesmo o ar de renovação – e os marcos históricos estabelecidos, em algumas categorias – pôde alavancar a cerimônia e torná-la verdadeiramente interessante. Vejo 2010 como um ano muito positivo para angariar votos tendo como base bilheterias adquiridas pelos filmes e personagens bem desenvolvidos que, vezes ou outras, confundiram-se com boas interpretações.

Primeiro, não me oponho à lista estendida na categoria principal, no entanto, não vejo por que fixar o número fixo de dez títulos, o que faria com que um ou dois filmes bons fossem acrescidos aos títulos principais, mas, ao mesmo tempo, faria com que outros filmes consideravelmente menores e sem personalidade também integrassem à lista. Desse modo, penso que a categoria de Melhor Filme poderia ter se limitado a filmes: “Guerra ao Terror” (2008), “Bastardos Inglórios”, “Educação”, “Preciosa – Uma História de Esperança”, “Amor sem Escalas”, “Up – Altas Aventuras” e, ainda que com bastantes ressalvas, “Avatar”, todos eles de 2009. Justamente por isso gostei da decisão tomada em 2011 de, a partir de então, indicar de 5 a 10 filmes, ainda que, como se viu, nem mesmo isso impediu de que filmes medianos chegassem à categoria principal.

Segundo, não me oponho às vitórias de Sandra Bullock como Melhor Atriz nem de Kathryn Bigelow como Melhor Diretor, mesmo que minhas preferências fossem, respectivamente, Carey Mulligan e Quentin Tarantino. Bullock é, a meu ver, a atriz que concorria, simultaneamente, trazendo consigo o fator mais positivo e o mais negativo para sua vitória. A seu favor havia o fato de que ela sozinha havia arrecadado uma quantia absurda de bilheteria, não apenas por “Um Sonho Possível”, mas também por “A Proposta” e “Maluca Paixão”, todos do ano anterior à sua vitória no Oscar. Isso significa que os votantes estavam o tempo todo em contato com o nome dela devido aos vários filmes que ela estrelou. Contra ela, havia o fato de que o seu filme, um feel good movie consideravelmente insosso, atrapalhava bastante o seu desempenho, sobretudo porque se fica com a sensação de que ela fez pouco ou nada ao longo das duas horas de exibição. Dentre as atrizes, aliás, era a única que contava somente com sua própria performance para alavancar a simpatia do espectador: Helen Mirren e Meryl Streep detêm nomes fortes o suficiente que as precedem, e Gabourey Sidibe e Carey Mulligan estrelavam filmes cujos enredos e personagens são extremamente interessantes. Assim, considerando o real merecimento de cada concorrente, não vejo por que tantas críticas a Bullock, cujo trabalho em “Um Sonho Possível” é, não obstante o histórico de filmes light e cômicos, muito satisfatório.

Agora, quanto à categoria Melhor Diretor, Tarantino era o meu preferido, apesar de eu achar que “Bastardos Inglórios” seja o filme que menos se pareça com uma obra do diretor. Ainda assim, penso que o trabalho dele – e o resultado final, isto é, o próprio filme – é o melhor. Contudo, era um bom momento para fazer história e conceder o prêmio a uma mulher, que definitivamente não deixou a desejar no filme que dirigiu, mas cuja vitória, a meu ver, se deu especialmente pelo caráter inédito. O único problema quanto à direção de Bigelow é que parece que só o furor de poder indicá-la e, talvez, premiá-la fez com que o filme acabasse angariando muita simpatia, o que resultou nas 9 indicações e 6 prêmios, sendo que pelos menos dois deles – Melhor Roteiro Original e Melhor Filme – deveriam ter ido para outros competidores, que, por coincidência, se trata do mesmo filme: “Bastardos Inglórios”.

 Julianne Moore e Marion Cotillard: as duas grandes injustiçadas de 2010.

Se, na categoria masculina de atuação coadjuvante, Christoph Waltz fez por merecer seu prêmio – ainda que ele só concorresse de verdade com Woody Harrelson, por “O Mensageiro” –, a categoria de Melhor Atriz Coadjuvante foi infelizmente marcada pela vitória de uma personagem: Mary, de “Preciosa – Uma História de Esperança”. Mo’Nique lida bem com a personagem, mas definitivamente a atriz não tem qualquer mérito na composição de uma figura tão assombrosamente plana que poderia ter sido facilmente apresentada por qualquer atriz com o mínimo de competência. Impressionados com a personagem, premiaram a atriz, mesmo que houvesse ali outras quatro atrizes com trabalhos interpretativos mais interessantes. Ao dizer isso, me limito às indicações, porque, na verdade, se fosse mais abrangente, diria que quem merecia mesmo o prêmio era quem ficou fora da lista final de indicadas: Marion Cotillard, por “Nine”. Fabulosa no seu desempenho, ela sozinha, em pouco mais de 17 minutos, expressa tudo aquilo que o filme de Rob Marshall não consegue. Outra que deveria estar aqui, mas que, como de hábito, foi ignorada pela Academia, aumentando a lista de injustiças com ela, é Julianne Moore, magnífica em “Direito de Amar”. Tanto ela quanto Cotillard detêm interpretações coadjuvantes que facilmente entrariam para a minha lista de melhores da década. Em vez de pelo menos concorrerem, viram o prêmio ser entregue à personagem mais unidimensional da edição.

Essa edição, aliás, é provavelmente uma das mais fracas da década, com muitos títulos pouco significativos que, como “Guerra ao Terror”, “Preciosa – Uma História de Esperança” e “Um Sonho Possível”, nem sequer foram eternizados na história do cinema com a vitória do Oscar. Muitas das indicações se devem à importância histórica de alguns cinebiografados, como é o caso de Helen Mirren, Christopher Plummer, Meryl Streep, Matt Damon, Morgan Freeman; outros tantos nominados estavam ali mais pelo momentos de suas carreiras do que pelo desempenho no filme em questão, como é o caso de Sandra Bullock, Penélope Cruz, George Clooney; há ainda um terceiro grupo, daqueles cuja indicação se deu, sobretudo, pela campanha feita sobre o filme, como Jeremy Renner, Gabourey Sidibe e Mo’Nique. Poucos realmente mereceram suas indicações, poucos filmes pareciam trazer alguma discussão realmente nova, apesar de alguns bons temas, como o desapego em “Amor sem Escalas”, o apreço pelo risco em “Guerra ao Terror”, a disfunção familiar em “Preciosa – Uma História de Esperança”, entre outros. Ainda assim, bons temas não equivalem a boas utilizações deles e, no final, essa cerimônia, apesar de alguns méritos e conveniências, não me parece uma das mais interessantes.

por Luís Adriano de Lima