sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Voo



O VOO (Flight, 2012, 138 min)
Produção: Estados Unidos
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: John Gatins
Elenco: Deznel Washington, Tamara Tunie, Brian Geraghty, Don Cheadle, John Goodman, Bruce Greenwood, Kelly Reilly.

Whip Whitman, vivido por Denzel Washington em “O Voo” (2012), não é um cara legal. Bebe muito e é usuário de cocaína. É também piloto de avião, mas do tipo que não deixa o trabalho atrapalhar sua bebedeira. No primeiro ato do filme, uma emergência transforma Whitman em herói: uma pane no avião o força a atitudes desesperadas para salvar a aeronave. Primeiro ele a vira de cabeça para baixo para conseguir nivelar por mais alguns minutos, depois a pousa num campo aberto. Os problemas começam após o pouso forçado. Um exame toxicológico atesta que Whitman havia consumido bebida e drogas antes do voo. Ele passa a enfrentar a ameaça de prisão, já que apesar da manobra ter salvado o avião, alguns passageiros morreram. Mas a companhia aérea prefere varrer os detalhes embaraçosos da vida de Whitman para debaixo do tapete...

“O Voo” marca um retorno para seu diretor Robert Zemeckis. Após dirigir alguns dos maiores sucessos dos últimos 30 anos, como a trilogia “De Volta Para o Futuro” (1985, 1989, 1990) ou o oscarizado “Forrest Gump: O Contador de Histórias” (1994), Zemeckis passou a última década fazendo longas animados por captura de performance (com resultados em geral pouco expressivos). Trata-se de um cineasta eminentemente técnico, e sua perícia para criar momentos cinematográficos impressionantes está bem à mostra em “O Voo”. A sequência da queda do avião é extraordinariamente bem feita – e angustiante para quem já voou num. A montagem precisa e os efeitos visuais e físicos (como o cenário que gira) permitem ao espectador compreender as manobras do piloto e suas atitudes durante a sequência.

O diretor também tem uma mão boa para conduzir o elenco. O filme conta com Don Cheadle, John Goodman, Bruce Greenwood e Kelly Reilly, todos ótimos. E Denzel Washington tem em “O Voo” mais uma grande atuação. O ator merece elogios por sua coragem em encarnar um sujeito tão desagradável quanto Whitman, e seu desempenho é sempre sólido. É um tributo ao carisma do ator que o publico não perca interesse no seu personagem, apesar de suas muitas atitudes questionáveis. Nos seus melhores momentos, “O Voo” parece um daqueles estudos de personagem que o cinema americano costumava fazer com mais frequência nos anos 70. Por isso, é uma pena que o desfecho seja meio forçado e artificial, igual a dezenas de outros longas hollywoodianos já vistos. É como se o diretor não tivesse a gana de sustentar até o fim a interessante ideia do inicio, de que mesmo pessoas com defeitos e problemas podem, sim, ser capazes de grandes atos.

INDICAÇÕES:
1. Melhor Ator: Denzel Washington
2. Melhor Roteiro Original: John Gatins

por Ivanildo Pereira

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