quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Al Pacino: "Perfume de Mulher" (1992)




AL PACINO (25/04/1940 – Nova York, Estados Unidos)
Primeiro filme: “Uma Garota Avançada” (1969)
Principais trabalhos: “O Poderoso Chefão” (1972), “Serpico” (1973), “O Poderoso Chefão II” (1974), “Um Dia de Cão” (1976), “Justiça para Todos” (1979), “Parceiros da Noite” (1980), “Scarface” (1983), “Dick Tracy” (1990), “Perfume de Mulher” (1992), “Advogado do Diabo” (1997), “Simone” (2002).
Indicações ao Oscar: 1973 – Melhor Ator Coadjuvante: “O Poderoso Chefão” | 1974 – Melhor Ator: “Serpico” | 1975 – Melhor Ator: “O Poderoso Chefão II” | 1976 – Melhor Ator: “Um Dia de Cão” | 1980 – Melhor Ator: “Justiça para Todos” | 1991 – Melhor Ator Coadjuvante: “Dick Tracy” | 1993 – Melhor Ator Coadjuvante: “Sucesso a Qualquer Preço” | 1993 – Melhor Ator: “Perfume de Mulher” – venceu.
Indicados em 1993: Al Pacino por “Perfume de Mulher” | Clint Eastwood por “Os Imperdoáveis” (1992) | Denzel Washington por “Malcolm X” (1992) | Robert Downey Jr. por “Chaplin” (1992) | Stephen Rea por “Traídos pelo Desejo” (1992).

Al Pacino já era um ator consagrado quando finalmente recebeu seu primeiro e único Oscar. Alguns de seus filmes se tornaram clássicos dentro da história do cinema e, claro, que muito disso vem da presença do ator. Quem não se lembra, por exemplo, da magnífica interpretação de Pacino em “Um Dia de Cão” (1975), do vigor de sua arte em “Serpico” (1973), ou da extrema entrega de “Scarface” (1983)? A verdade é que nessa incrível carreira tem filme bom que não acaba mais. E não é pretensão citá-los, é fato. A trilogia “O Poderoso Chefão”, “Donnie Brasco”, “O Pagamento Final” e mais uma série de outros títulos sugerem uma trajetória estelar, de muito reconhecimento e de continuidade inegável. Atualmente, Al Pacino resolveu brincar de fazer cinema. Brinca tanto a ponto da dúvida pairar sob sua figura. Quem se propõe a conhecer Al Pacino como ator dos anos 2000 terá poucas surpresas boas. Então, sugiro que volte no tempo e conheça o monstro que habita a alma desse ator.

“Perfume de Mulher” (1992) respira ares de Al Pacino. Se imaginar o filme sem o ator, fica difícil acreditar que o resultado pudesse ser o mesmo ou até mesmo levemente parecido. A criação de um personagem consumido por padrões e preconceitos, que ele mesmo lança e  que também o atingem, deram a chance que Al Pacino buscou a vida toda: uma interpretação complexa e emocionante. Sim, mil personagens com as mesmas características passaram pela vida do ator, mas nenhum com a carga de vida e experiência contida em seu cerne como o tenente-coronel cego Frank Slade, o dual e notável personagem de Al Pacino.
 
A cegueira é o maior empecilho na vida de Frank, óbvio, e no feriado de Ação de Graças junto de uma espécie de cuidador, interpretado por Chris O'Donnell, resolve fazer uma viagem a Nova York, onde vai desfrutar dos maiores prazeres da vida, segundo ele, antes de cometer suicídio. Frank permanece recluso, morando nos fundos da casa de uma parente. As pessoas que se aproximam dele possuem sérias dificuldades em manter convivência, seja pela falta de empatia suplantada pela arrogância do militar ou até mesmo pelo estilo de vida extremamente reservada, contida em ambientes escuros, frios e carregados de sentimento de impotência.

A viagem até Nova York, o recheio desse bolo, implica na visualização real da personagem de Al Pacino. Aquele homem recluso e deprimido se revela, então, um sonhador. Aquele tango fascinante, em que o ator desfila todo seu charme e talento, é um exemplo digno de uma vida deixada para trás, de um sentimento pedindo olhos, bocas e poros abertos. Dá-se, então, a explosão na atuação de Pacino.

O'Donnell até tenta dividir o protagonismo do filme com o veterano, mas a tarefa se traduz numa impossibilidade catastrófica, pontuando um filme não tão bem-sucedido no seu final, lançando inúmeros clichês e sensações já vividas, já vistas. Mas Al Pacino é gênio. A magia de seu trabalho resplandece aos olhos de qualquer um, mesmo no seu olhar vazio e que nada vê, mas que encanta e supera milhões de finais felizes.

por Gustavo Pavan

5 comentários:

Kamila disse...

Não gosto de "Perfume de Mulher", mas gosto do Al Pacino e acho que esse trabalho dele tinha a cara do Oscar mesmo. Foi bom vê-lo vencer, finalmente, um Oscar, mas, em sua carreira, por exemplo, se fizermos uma análise, ele tem performances melhores.

André disse...

Mais um filmão!

Juliana disse...

Ganhei esse filme a mais ou menos duas semanas. Foi um presente dado por minha mãe devido a minha enormeee admiracão pelo Al Pacino.
Quando este filme foi lançado eu tinha apenas 9 anos, agora no auge de meus 30 anos me encontro com este qu se tornou meu filme favorito. Também não consigo imaginar Perfume de Mulher sem Al Pacino e não há outro filme que tenha me tocado com tanta profundidade como este. Ele vai ser sempre aquele filme que eu nunca vou cansar de rever.
Amei seu texto GUSTAVO Pavan.

Unknown disse...

Al Pacino é um monstro do cinema e já deveria ter ganho o Oscar a muito tempo, porém vejo este como um prêmio de consolação, haja vista, que o prêmio deveria ser para o Denzel Washington por Malcon X,é só ver uma entrevista de Malcolm e perceber que Denzel tornou-se idêntico em sua interpretação, voz e trejeitos.

Unknown disse...

Parabéns Gustavo Pavan, irretocável seu comentário, nada a acrescentar exceto que na minha opinião este Oscar recebido deveria ter sido o terceiro no mínimo.mauricio Pottier.