quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Um Grito no Escuro



UM GRITO NO ESCURO (Evil Angels*, 1988, 120min)
Produção: Austrália | Estados Unidos
Direção: Fred Schepisi
Roteiro: Robert Caswell, baseado no romance de John Bryson
Elenco: Meryl Streep, Sam Neill, Dale Reeves, David Hoflin, Jason Reason, Michael Wetter, Kane Barton,  Trent Roberts.

Lindy (Meryl Streep) e Michael Chamberlain (Sam Neil) são um típico casal australiano. Ele, pastor, e ela, dona de casa. E assim como muitos que moram no país, ambos resolvem acampar em um final de semana qualquer. Acontece que, na segunda noite de acampamento, algo fatal ocorre: a filha caçula do casal é raptada por um lobo. Ou melhor dizendo: é morta após ser capturada pelo animal. Claro, Lindy fica extremamente abalada com a situação, ainda mais pelo fato de ser praticamente a responsável pelo ato em si (foi ela quem colocou a filha na tenda quando a criança adormeceu). Sendo assim, buscas se iniciam atrás do bebê (ou do seu corpo, obviamente!), porém, enquanto isso, o casal acaba iniciando um verdadeiro mutirão midiático já que ambos dão entrevistas para todos os meios de comunicação. É neste ponto exato que o filme começa a se desenvolver.

"Um Grito no Escuro" (1988) consegue trazer um panorama bastante peculiar, pois não centra o seu drama na perda da filha do casal, e sim na tragédia que ocorre após o "fato”. As entrevistas, claro, são editadas e a situação cresce consideravelmente. Afinal, como se pode passar por isso e ainda sim encontrar forças para tamanho desempenho midiático? Como engolir uma história na qual o assassino é um lobo? Em dado momento, a história de tão distorcida acaba perdendo o impacto e a veracidade. Sendo assim, a história fica deturpada e o foco acaba sendo outro: quem será o verdadeiro assassino do bebê indefeso? O filme também é inteligente ao mostrar o outro lado, pois acompanhamos a repercussão que o caso vai tendo sobre as pessoas comuns, aquelas que apenas acompanham determinado fato por meio de jornais, revistas e televisão. Ou seja: o espectador comum. Deste modo, o filme ainda consegue englobar os "pré-conceitos", já que muitos julgam o caso sem ao menos saber o que realmente aconteceu.

Indicado ao Oscar de Melhor Atriz, "Um Grito no Escuro" acaba encontrando a sua força em uma atuação quase explosiva de Meryl Streep. Digo quase no sentido de ser bem feita e condizente com toda a situação. Meryl compõe de forma sensível a sua personagem e a defende como pode. Aliás: defende da melhor forma possível. Eu, particularmente, creio que a atriz tenha atuações melhores (não desmerecendo esta atuação), mas não tem como negar, pelo menos, que Meryl merecia a indicação. Não vejo tantos motivos para que tenha acontecido a vitória (Jodie Foster ganhara naquele ano), mas a simples indicação já basta o reconhecimento. O filme, de todo modo, acaba sendo bastante satisfatório e creio que até tenha conseguido sobreviver muito bem  ao tempo, mesmo que não tenha se tornado um clássico ou filme atemporal. É interessante, mas ao mesmo modo esquecível, mas é válido para quem quer acompanhar uma boa atuação de Meryl Streep.

INDICAÇÃO:
- Melhor Atriz: Meryl Streep

por Alan Raspante

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* O título original do filme é Evil Angels, mas, na divulgação nos Estados Unidos, teve seu título alterado para  A Cry in the Dark, sendo o título brasileiro derivado deste e não daquele.

5 comentários:

Luís disse...

O filme vale mesmo pela interpretação de Meryl Streep, que está correta, bastante segura. De resto, não sei se é assim tão bom.

Kamila disse...

Gosto MUITO desse filme e concordo com o Luís. "Um Grito no Escuro" vale pela interpretação da Meryl Streep e, na minha opinião, o terceiro Oscar dela deveria ter vindo mesmo era por esse filme!

Serginho Tavares disse...

eu não acho que o terceiro Oscar dela deveria ter vindo por este filme, mas é inegável que ela é quem carrega o filme.

Dudz Pepe disse...

O filme é bem realizado e, como sempre, Meryl Streep estar ótima, segurando o filme, que estar longe de ser ruim, mas também não é uma obra-prima.

Cynthia disse...

A criança é levada por um dingo, não por um lobo.